Matriz de Criticidade: como priorizar ativos e otimizar a manutenção predial
Manutenção Predial

Matriz de Criticidade: como priorizar ativos e otimizar a manutenção predial

Em um edifício corporativo, o sistema do ar-condicionado central aos elevadores influencia diretamente o conforto, a produtividade e a operação diária. Mas quando os recursos são limitados, como decidir onde investir tempo, equipe e orçamento? Essa é uma questão recorrente na manutenção predial, onde a falta de priorização pode gerar desperdícios, paradas inesperadas e até riscos à segurança.

Estudos de gestão de manutenção mostram que falhas em ativos não prioritários podem consumir até 30% do orçamento operacional de forma ineficiente, comprometendo a performance de todo o empreendimento. Diante disso, adotar um método estruturado para definir o que é mais crítico se torna indispensável, como a matriz de criticidade, uma ferramenta estratégica que combina dados técnicos e análise de risco para orientar decisões de manutenção com precisão e clareza.

O tema, aliás, foi destaque na 12ª Expo InfraFM, um dos maiores eventos do setor de facilities do país. Durante o encontro, Luiz Claudio Lopes Carreira, executivo regional RJ/SP da Araujo Abreu, apresentou a palestra “Gestão de Ativos como estratégia na gestão de facilities”, onde evidenciou como o uso de ferramentas como a matriz de criticidade permite planejar melhor, reduzir custos e entregar a continuidade operacional de grandes empreendimentos.

O que é a matriz de criticidade?

A matriz de criticidade é uma ferramenta de análise que ajuda gestores de manutenção a identificar quais ativos de um edifício merecem mais atenção, tempo e investimento. Em termos simples, ela cruza a probabilidade de falha de um equipamento com o impacto que essa falha pode causar na operação, seja financeiro, operacional ou de segurança.

Com essa combinação de fatores, gestores conseguem visualizar quais ativos exigem resposta imediata e quais podem ter manutenção planejada de forma mais espaçada. Equipamentos com alta probabilidade de falha e alto impacto são considerados críticos, enquanto os de baixo impacto e baixa probabilidade podem ser monitorados de forma mais pontual, garantindo o uso inteligente dos recursos.

Criada originalmente para ambientes industriais, a matriz de criticidade vem sendo amplamente aplicada também na manutenção predial, onde as interdependências entre sistemas ampliam o impacto de qualquer falha. Em um edifício corporativo, por exemplo, uma pane no sistema de ar-condicionado central pode comprometer o conforto térmico e reduzir a produtividade de centenas de pessoas — um típico caso de ativo crítico que precisa estar no topo das prioridades.

A matriz de criticidade permite, assim, que síndicos, gestores de facilities e engenheiros tomem decisões baseadas em dados, substituindo percepções subjetivas por análises estruturadas e comparáveis.

Benefícios da matriz de criticidade para manutenção predial

A aplicação da matriz de criticidade cria uma base objetiva para decisões que antes dependiam de intuição, permitindo alocar recursos com mais eficiência e reduzir custos de operação.

Abaixo, um resumo dos principais benefícios e como cada um impacta a rotina de gestão predial:

Benefício

Como se manifesta na prática

Redução de custos com paradas não planejadas

Ao concentrar atenção nos ativos mais críticos, evita-se que falhas graves interrompam operações e gerem reparos emergenciais.

Priorização correta de investimentos

Direciona recursos e tempo para equipamentos que realmente afetam a operação, evitando desperdícios com ativos de baixo impacto.

Maior confiabilidade e disponibilidade dos sistemas

Equipamentos mantidos preventivamente apresentam menor índice de falhas e mais tempo de operação contínua.

Base sólida para manutenção preventiva e preditiva

As informações da matriz alimentam o plano de manutenção e ajudam a prever falhas antes que causem prejuízos.

Atendimento a exigências legais e de conformidade

Facilita auditorias e comprova a gestão responsável de sistemas críticos, como elevadores, geradores e combate a incêndio.

Além desses pontos, a matriz cria uma cultura de tomada de decisão baseada em evidências, fortalecendo o planejamento de longo prazo e a comunicação entre gestores, técnicos e contratantes.

Critérios avaliados na matriz de criticidade

Para que a matriz de criticidade seja realmente útil, é preciso definir critérios claros e mensuráveis. Eles funcionam como filtros que ajudam a entender o impacto de cada ativo na operação do edifício e a estabelecer prioridades com base em dados.

Os critérios mais comuns são:

1. Probabilidade de falha

Avalia a chance de um equipamento apresentar defeito com base no histórico de falhas, nas condições de uso e na idade do ativo. Em sistemas que operam continuamente (como chillers, bombas de recalque ou elevadores), o desgaste natural tende a ser maior, aumentando o risco de falhas. Quanto mais frequentes as ocorrências, maior a probabilidade atribuída.

2. Impacto da falha

Considera o que acontece se o equipamento parar. O impacto pode ser medido sob quatro dimensões principais:

  • Financeira: prejuízos diretos com reparos, multas ou interrupção de serviços.

  • Operacional: paralisações que comprometem o funcionamento do edifício ou de áreas inteiras.

  • Segurança: riscos a usuários, colaboradores ou visitantes.

  • Imagem corporativa: problemas que afetem a percepção de confiabilidade da empresa ou instituição.

Um bom exemplo é o sistema de combate a incêndio, uma falha nesse ativo representa um risco severo à segurança e à conformidade legal, sendo automaticamente classificado como crítico.

3. Tempo de recuperação

Indica o quanto a operação demora para voltar ao normal após uma falha. Equipamentos que demandam longos períodos para reparo ou reposição de peças, como geradores e sistemas elétricos de alta tensão, devem ser classificados com alta criticidade.

Como criar uma matriz de criticidade eficiente

Como vimos, a criação de uma matriz de criticidade não é complexa, mas exige método e envolvimento de diferentes áreas. O objetivo é chegar a um diagnóstico confiável que permita priorizar recursos e reduzir falhas de forma estratégica.

Passo 1: levantamento dos ativos

O primeiro passo é identificar todos os sistemas e equipamentos do edifício. Desde grandes infraestruturas, como sistemas elétricos e de climatização, até componentes menores, como bombas, portas automáticas e luminárias. Essa etapa possibilita uma visão completa do patrimônio técnico e serve como base para as avaliações seguintes.

Passo 2: definição dos critérios de avaliação

Os critérios devem refletir o contexto do empreendimento. Em prédios corporativos, por exemplo, impacto na operação, segurança dos ocupantes e tempo de recuperação costumam ter maior peso. Cada ativo recebe uma pontuação ou categoria (baixa, média ou alta) para cada critério, formando uma base objetiva de comparação.

Passo 3: classificação por grau de risco

Com os critérios definidos, os ativos são classificados de acordo com sua probabilidade de falha e impacto da falha. A combinação desses dois fatores determina o grau de criticidade:

  • Alta criticidade (A): falhas com alto impacto e alta probabilidade de ocorrência

  • Média criticidade (B): falhas com impacto moderado ou baixa frequência

  • Baixa criticidade (C): falhas com impacto mínimo e baixa probabilidade

Passo 4: montagem da matriz

Os resultados são organizados em formato visual (geralmente uma tabela ou gráfico) para facilitar a interpretação. Essa matriz torna-se uma referência central para o plano de manutenção, direcionando a frequência de inspeções, o tipo de manutenção e o investimento em cada ativo.

Passo 5: monitoramento e revisão periódica

A matriz não é fixa. À medida que o edifício envelhece, novos equipamentos são instalados ou tecnologias são implementadas, é fundamental revisar os dados e atualizar as classificações. Essa revisão é que vai assegurar a manutenção contínua e alinhada à realidade operacional.

Exemplo de matriz de criticidade predial

Impacto da falha ↓ / Probabilidade de falha →

Baixa

Média

Alta

Baixo impacto

Baixa criticidade (C)

Iluminação decorativa

Média criticidade (B)

Bombas secundárias de irrigação

Alta criticidade (A)

Ventiladores de exaustão de garagem

Médio impacto

Média criticidade (B)

Portas automáticas

Alta criticidade (A)

Bombas de recalque de água

Alta criticidade (A)

Climatização de áreas operacionais

Alto impacto

Alta criticidade (A)

Sistema de combate a incêndio

Alta criticidade (A)

Geradores de energia

Alta criticidade (A)

Sistema elétrico principal / elevadores

Como interpretar:

  • Equipamentos A (alta criticidade) exigem manutenção preventiva frequente, monitoramento contínuo e plano de contingência.

  • Equipamentos B (média criticidade) devem ter manutenção programada e inspeções periódicas.

  • Equipamentos C (baixa criticidade) podem ser incluídos em rotinas corretivas ou revisões ocasionais, desde que não comprometam a operação.

Esse tipo de tabela pode ser criado em planilhas simples, softwares de manutenção ou mesmo em dashboards automatizados. O mais importante é mantê-la atualizada e validada com dados reais.

Aplicação prática em edifícios corporativos

Nos empreendimentos comerciais e institucionais, a matriz costuma revelar alguns padrões recorrentes:

  • Sistema de combate a incêndio: prioridade máxima pela exigência legal e pelo risco à vida.

  • Geradores de energia: alta criticidade devido à dependência operacional em situações de emergência.

  • Sistemas de climatização: críticos em hospitais, shoppings e data centers, onde a temperatura afeta o funcionamento e o conforto.

  • Elevadores: críticos em prédios corporativos e residenciais de múltiplos andares, por impacto direto na mobilidade.

A avaliação desses critérios ajuda a entender quais sistemas devem estar sempre em perfeito funcionamento e com esses dados, é possível construir uma matriz que traduz o impacto real de cada equipamento e orienta o plano de manutenção com precisão.

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A Araujo Abreu como parceira na gestão de criticidade

Com mais de um século de atuação, a Araujo Abreu se tornou referência nacional em manutenção predial, gestão de facilities e engenharia de instalações. Essa experiência acumulada permite que a empresa vá além da execução técnica e ofereça gestão estratégica de ativos, com base em diagnósticos precisos e metodologias reconhecidas.

Aplicamos a matriz de criticidade como parte de um processo integrado de manutenção, cruzando indicadores de desempenho, histórico de falhas e dados operacionais para definir prioridades com exatidão. Esse trabalho é reforçado por ferramentas digitais, auditorias técnicas e relatórios gerenciais desenvolvidos em Power BI, que trazem transparência e agilidade nas decisões.

Atuamos com planos personalizados para diferentes tipos de empreendimentos — hospitais, centros corporativos, shoppings e instituições públicas — sempre com foco em disponibilidade operacional, eficiência energética e sustentabilidade.

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